sábado, 9 de setembro de 2023

CCFSP

Companhia de Carris de Ferro de São Paulo
1872 - 1889

Histórico

A Lei Provincial nº 11 de 9 de março de 1871, do Governo da Província de São Paulo, concedeu o privilégio por 50 anos ao engenheiro Nicolau Rodrigues dos Santos Freitas Leite ou aquele que melhor vantagens oferecesse, para estabelecer uma linha de diligências tirada por animais sobre trilhos de ferro, que partindo do Centro da cidade se dirigisse às estações do caminho de ferro e aos subúrbios. 

Em 12 de abril de 1871, foi assinado o contrato com o mesmo engenheiro para o estabelecimento de uma linha de bonde de tração animal entre o Largo do Carmo e a estação da São Paulo Railway.

Em 8 de agosto de 1871, o Decreto nº 4.768 concede à Companhia de Carris de Ferro de São Paulo autorização para funcionar, com aprovação dos estatutos, com a finalidade de construir estradas de ferro urbanas nas cidades de São Paulo, Campinas e Rio Claro, para o transporte de passageiros e cargas, com privilégio de 50 anos.

A primeira linha da Companhia Carris de Ferro de São Paulo foi inaugurada em 2 de outubro de 1872, ligando o Largo do Carmo à Estação da Luz, com material rodante importado dos Estados Unidos, fabricados pela John Stephenson Company, carros para 9 passageiros tracionados por uma mula. Posteriormente foram adquiridos carros de 5 bancos para 15 passageiros tracionados por uma parelha.

Na inauguração da primeira linha de bonde a São Paulo contava com 31 mil habitantes, sendo ainda a nona capital em número de habitantes. A cidade de Santos já contava com bonde de tração animal desde 1871.

Em 27 de novembro de 1872, foram inauguradas linhas nas ruas de São Bento e Direita.

Em 1873, foram adquiridos 16 bondes de tração animal. O sistema contava com duas linhas em operação, a primeira ligando o Largo do Carmo à estação da Luz, via rua Direita, e a segunda ligando os mesmos terminais, via rua da Imperatriz, atual rua XV de Novembro. Juntas realizavam 41 viagens/ dia/ sentido.


1872

Almanak da Provincia de São Paulo para 1873

Bonde de tração animal no Largo do Pateo do Collegio. Cartão postal

Convento do Largo de São Francisco em 1874

Largo do Rosário, atual Praça Antônio Prado


Em primeiro de julho de 1877 é inaugurada a terceira linha de bonde de tração animal, para o Brás, ligando o Mercado à Estação do Norte.

Depois foram abertas linhas para Santa Cecília e Consolação, saindo do Largo do Mercadinho. Mais tarde os pontos iniciais foram transferidos para a rua Direita e Largo da Sé, onde se juntavam os trilhos.

Em 1878, a Companhia Carris de Ferro de São Paulo, contava com linhas entre o Commercio da Luz e o Braz (Ponte Preta), passando pelo centro da cidade. As linhas partiam do Largo do Carmo, seguindo pelas ruas Direita e Imperatriz até a estação da Luz. A linha do Braz estava ligada às do centro pela rua lateral à rua Municipal.


Indicador de São Paulo para 1878, p.152

Largo de São Gonçalo, atual  Praça João Mendes
Jornal da Tarde, 15/11/1878, p.2.

Jornal da Tarde, 11/08/1879, p.3.

Jornal da Tarde, 24/08/1879, p.2.


Em 7 de setembro de 1879, a linha do Braz foi prolongada até a Chácara do Sr. Teixeira de Carvalho, próximo ao Marco da Meia Légua, com intervalos de 20 minutos. A linha Estação do Braz-Mercado passou a operar em horários combinados com as chegadas e partidas dos trens.


Jornal da Tarde, 25/09/1879, p.3


Em 26 de setembro de 1879, é inaugurado o prolongamento da linha da estação da Luz até a Ponte Pequena, com 800 metros de extensão.


Correio Paulistano, 29/01/1880, p.3


Em março de 1880, prosseguiam as obras de prolongamento das linhas de bonds para os bairros da Luz, Santa Ephigenia, Chá e Arouche. O prolongamento começava na rua da Constituição, passando pela Travessa Episcopal, ruas da Aurora, Bambús, Ypiranga e do Itapetininga até o Chá. Havia um outro ramal, subordinado a este, partindo da Travessa de Dona Anna Rosa, cortava a rua Alegre, entrava pela travessa do Coronel Barros, descia a rua da Conceição, dando  a volta no Largo de Santa Ephigenia, e subindo a rua de mesmo nome, se juntando à linha geral na rua do Ypiranga.


Correio Paulistano, 25/03/1880

Jornal da Tarde, 27/03/1880, p.2


A Constituinte, 25/03/1880, p.3.


Em 24 de abril de 1880, foi inaugurada a linha de bonds para a Igreja da Consolação, com os carros partindo da rua Direita. 

Em 8 de agosto de 1880 foi inaugurado o prolongamento da linha do Largo da Cadeia (atual praça Doutor João Mendes) até a Estrada de Vergueiro, passando pela rua da Liberdade, até a estação inicial da Companhia Carris de Ferro São Paulo a Santo Amaro, junto à propriedade do senhor Araújo Costa, na altura da atual rua de São Joaquim.


Jornal da Tarde, 12/09/1880

Jornal da Tarde, 17/09/1880


Em 26 de outubro de 1880, foi entregue a linha para a rua de Santa Cecília (atual rua Frederico Abranches) com partidas da rua Direita e o seguinte itinerário: rua Direita, rua São Bento, Largo de São Bento, rua do Senador Euzébio, Senador Queiroz, rua Alegre (atual Brigadeiro Tobias), rua da Estação (atual Mauá), Estação da Luz, Estação da Sorocabana, rua Duque de Caxias, rua dos Guayanazes, rua do General Osório, rua de São João, Duque de Caxias, Largo do Arouche e rua Frederico Abranches. Volta pelo mesmo itinerário.

Linhas em dezembro de 1880

Marco da Meia Légua - Largo do Rozário
Santa Cecília - Largo do Mercadinho, via rua da Imperatriz (atual 15 de Novembro)
Igreja da Consolação - Praça da Sé, via rua Direita
Estrada Vergueiro, esquina rua São Joaquim - Passeio Público
Commercio da Luz - Largo da Cadeia - rua Tabatinguera


Correio Paulistano, 10/09/1881


Em 10 de agosto de 1882, é inaugurada a linha da Mooca, com novo ramal de 1,700 Km de extensão construído entre a rua do Braz e a Porteira da São Paulo Railway na rua da Mooca, passando pela rua Piratininga.


Correio Paulistano, 10/08/1882


Em janeiro de 1883, o sistema de carris transporta 113.763 passageiros, sendo 106.266 pagantes.

Em 24 de outubro de 1883, foi inaugurado o prolongamento da linha da Ponte Pequena até a Ponte Grande.


Correio Paulistano, 24/10/1883

Companhia Ferro-Carril de São Paulo em 1883

Companhia Ferro-Carril de São Paulo em 1883
Para ampliar clique na imagem


Mapa - Linhas de bonds em 1883 no Google Maps


Correio Paulistano, 11/07/1883

Cruzamento da rua Florencio de Abreu com a rua Episcopal, atual rua Washington Luís
Correio Paulistano, 22/12/1883


Em maio de 1884, o diretor da companhia Carris de Ferro enviou um ofício à Câmara Municipal solicitando o prolongamento da linha de bonde até a Penha.

Em setembro de 1884, a Câmara Municipal ordenou a retirada da cocheira dos bondes da Praça do Mercado.


Correio Paulistano, 25/09/1885

Correio Paulistano, 10/12/1885, p.3


Em 11 de novembro de 1885, a Câmara Municipal deferiu o pedido da companhia de ligar os trilhos entre as ruas da Conceição e do Ypiranga, com os bonds deixando de passar no Largo de Santa Efigênia. O novo trajeto foi aberto em tráfego em 

Ramais dos bondes de tração animal em 1886

Liberdade - Ponte Grande, 6.446,30 m
Largo da Sé - Consolação, 4.474,20 m
Largo da Sé - Santa Cecília, 3.531,60 m
Largo do Rosário - Brás, 3.364,10 m
Rua do Brás - Mooca, 1.418,00 m
Rua do Brás - Estrada de Ferro Norte, 278,20 m
Rua do Brás - Estrada Ferro Inglesa, 72,55 m
Jardim - Rua do Commercio / Luz, 128 m
Porteira da E.F.Inglesa na Luz - Estação Cia. em Santa Cecília, 61 m
Figueira, linha não ocupada, 105,5 m
Na estação central da companhia em Santa Cecília, 382,33 m
Na estação central da companhia no Brás, 30 m

Total: 20.405,88 metros


Correio Paulistano, 26/12/1887


Rua Alegre em 1887. Foto Militão Augusto de Azevedo


Em janeiro de 1888, a diretoria da Companhia Carris de Ferro solicita à Câmara Municipal o prolongamento de suas linhas até a Hospedaria dos Immigrantes. O pedido foi aceito e o ramal com 500 metros de extensão implantado na atual rua Visconde de Parnaíba, foi entregue em março de 1888.

Em 4 de junho de 1888, a companhia foi autorizada a implantar um ramal na rua 25 de Março afim de ligar a linha da rua Florencio de Abreu com a do Braz.


Correio Paulistano, 26/12/1887

Correio Paulistano, 08/06/1888


Linhas em novembro de 1888

Largo da Sé - Santa Cecília
Largo da Sé - Consolação
Liberdade - Ponte Grande
Largo do Rosário - Mooca
Largo do Rosário - Immigração
Largo do Rosário - Braz
Rua Direita - Estação da Luz

Já havia linha dupla na rua Florêncio de Abreu.

Frota da Companhia Carris de Ferro em 1889

41    Carros de passageiros de 20 a 30 lugares
06    Vagões de carga
05    Uso diverso

Alguns carros eram construídos em suas oficinas.


Sentinella da Monarchia, 08/11/1889, p.4


Fusão

Em 18 de abril de 1889, a Companhia Carris de Ferro foi incorporada pela Companhia Paulista, sendo que em 24 de abril de 1901, o acervo das duas empresas foi adquirido pela Light.

Cocheira: Travessa do Mercado, atual rua Doutor Bittencourt Rodrigues, na altura da Praça Fernando Costa (antigo Mercado).


Correio Paulistano, 25/09/1890

Correio Paulistano, 26/09/1890

Correio Paulistano, 07/10/1890

Correio Paulistano, 10/10/1890

Correio Paulistano, 10/10/1890

Largo de São Bento em 1890, com a junção das linhas da rua da Imperatriz, atual 15 de Novembro, com a rua Direita e início da linha dupla da rua Senador Florêncio de Abreu, antiga rua da Constituição


Correio Paulistano, 28/02/1891

Correio Paulistano, 08/07/1891

Correio Paulistano, 11/07/1891

Correio Paulistano, 19/08/1891


Extensão das Linhas (Km)

1878 - 9,523
1881 - 24,000 
1883 - 27,382

Passageiros

1872          55.676
1873        164.255
1874        175.501
1875        178.896
1876        203.947
1877        320.839
1878        480.762
1879        558.486
1880        817.774


REFERÊNCIAS:

Prolongamento da linha de bonds. A Constituinte. São Paulo. 07 setembro 1879.  p.2.

Como estava annunciada. Jornal da Tarde. São Paulo. 08 agosto 1880. p.2.

Deve effectuar-se hoje. Jornal da Tarde. São Paulo. 26 outubro 1880. p.1.

Companhia de bonds. Jornal da Tarde. São Paulo. 03 fevereiro 1881. p.2.

São Paulo. Gazeta da Tarde. Rio de Janeiro. 11 agosto 1882. p.2.

Actos Officiaes. Revista de Engenharia. Rio de Janeiro. 14 janeiro 1883. p.261.

Transitaram. Gazeta da Tarde. Rio de Janeiro. 08 fevereiro 1883. p.2.

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