sábado, 4 de novembro de 2017

Ações preparam Sorocaba para os próximos 50 anos

04/11/17 - Cruzeiro do Sul

José Antonio Rosa - joseantonio.rosa@jcruzeiro.com.br 
      
Luiz Alberto Fioravante afirma que município se prepara para disciplinar o crescimento - ERICK PINHEIRO / ARQUIVO JCS (12/4/2017)

O secretário de Planejamento do município, Luiz Alberto Fioravante, reconhece que o quadro apontado no estudo da Embrapa pode trazer graves consequências para Sorocaba, mas garante que a atual gestão conseguirá reverter seus efeitos. Fioravante descarta o risco de que certas regiões da cidade se transformem num aglomerado de favelas. "Não vai acontecer", enfatizou. Ele anunciou também um conjunto de ações que pretende colocar em prática a fim de preparar a cidade para os próximos 50 anos. Estudos já são realizados e deverão ser debatidos com a sociedade. 

Diferentemente do tom até hoje adotado quando o assunto é colocado em pauta, Fioravante entende que é necessário conter o ímpeto da especulação imobiliária e priorizar demandas da coletividade. Ele criticou, inclusive, empreendimentos públicos já executados, como o Residencial Carandá, onde vivem quase 20 mil pessoas. "Foi uma insanidade construir aquilo", declarou. 

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Sorocaba possui a 20ª maior mancha urbana do País

O secretário de Planejamento admite que Sorocaba tem realmente uma mancha urbana considerável. Dentro dela, afirma, existe um vazio igualmente grande. "Esse fenômeno, porém, pode ser interpretado como bom, ou não tão bom. Não chega a ser catastrófico. O bom é que podemos projetar mais áreas verdes e proporcionar uma convivência mais harmoniosa."

"As coisas ruins envolvem gargalos de mobilidade, de acessibilidade. E o que estamos fazendo? Projetando a cidade para os próximos 50 anos. Temos uma concentração expressiva de pessoas na zona norte onde existem perto de 40, 50 mil lotes para serem lançados. E isso é preocupante." 

A alternativa, conforme Fioravante, é trabalhar o crescimento ordenado e sustentável. Entre outras, a administração trabalha para colocar em prática medidas que contemplam o aproveitamento da malha ferroviária que corta a cidade a partir da implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). 

Esse meio de locomoção cobriria um trajeto de 22 quilômetros que interliga Brigadeiro Tobias a George Oeterer, em Iperó. Calcula-se que cerca de 100 mil passageiros possam ser transportados diariamente. Doze estações foram projetadas em pontos estratégicos de modo a integrar bairros e outros modais. 

Na visão da municipalidade, esse equipamento deverá agregar desenvolvimento à região da zona leste não tão densamente povoada, além de contribuir para o uso mais racional dos carros. "Apostamos e esperamos que as pessoas prefiram se deslocar de trem, descendo perto do local onde trabalham e, com isso, deixem o veículo próprio em casa." 

A secretaria discute, ainda, com técnicos da CCR Viaoeste a instalação de três trevos ao longo da rodovia Raposo Tavares. Eles estarão posicionados nas imediações da entrada do Central Parque, do futuro Hospital Regional e da estrada do Ipatinga. A intenção é interligar regiões com o objetivo de desviar o tráfego de locais já saturados. 

Todas as iniciativas demandarão investimentos que o secretário, num primeiro momento, não estimou. No caso das intervenções na rodovia Raposo Tavares, o município não deverá desembolsar recurso algum. As obras serão executadas pela concessionária em compensação à prorrogação do contrato de concessão firmado com o Estado, que é o poder concedente. 

Em relação ao projeto do VLT, Fioravante diz que o governo municipal pretende fazer uso da Operação Urbana Consorciada, modalidade de intervenção pontual realizada sob a coordenação do Poder Público que envolve a iniciativa privada, os moradores e os usuários do local, buscando alcançar transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e valorização ambiental.