sábado, 21 de dezembro de 2013

Governo federal libera R$ 1,15 milhão para estudos de viabilidade do VLT de Campinas

21/12/2013 - Correio Popular - Campinas

O Ministério das Cidades vai financiar a elaboração do estudo de viabilidade econômica do veículo leve sobre trilhos (VLT), projeto que a Prefeitura de Campinas quer retomar e que deverá custar R$ 1,1 bilhão para ligar o Terminal Metropolitano, no Centro, ao Aeroporto Internacional de Viracopos. O prefeito Jonas Donizette (PSB) informou nesta sexta-feira (20) que o ministério autorizou R$ 1,5 milhão para contratar o estudo, que será licitado em janeiro e com previsão de conclusão em 180 dias após a assinatura do contrato. O estudo vai definir, também, qual o melhor traçado para o VLT passar e que poderá, inclusive, não ser o mesmo por onde circulou, entre 1990 e 1995. A proposta do prefeito, levada ao ministério em agosto para ser incluída no novo PAC da Mobilidade Urbana, é que além de ligar o centro ao aeroporto, o VLT possa alimentar os futuros corredores Ouro Verde e Campo Grande por onde circularão os BRTs e o Corredor Noroeste.

Fracasso

O VLT circulou entre 1990 e 1995 e foi o maior fracasso na tentativa de dotar a cidade de um sistema alternativo de transporte, e que significou um desperdício de US$ 120 milhões, gastos nos trilhos e nas estações, algumas das quais nunca chegaram a funcionar. Jonas disse que a experiência do passado não deve contaminar as discussões atuais, porque a cidade, especialmente a região Sul, precisa de transporte de média capacidade.

Se a opção for por usar o leito ferroviário desativado (o da antiga Sorocabana sai do Centro e corta a região sul e que teve parte usada pelo VLT) será preciso construir novas vias que ainda não estão definidas. O leito da Sorocabana corta uma região com a maior concentração populacional da cidade e onde está a parcela mais pobre da população.

Situação preocupante

A situação de Campinas é preocupante e a cidade, segundo Administração, não pode mais vacilar em adotar novos políticas que privilegie fontes de investimentos em mobilidade urbana em transporte coletivo de massa. Assim, o BRT é o primeiro lance nesse sentido - o projeto executivo deverá estar concluído até 31 de dezembro.

Campinas tem muitos dos leitos ferroviários desativados preservados. No passado, a cidade teve a Companhia Mogiana de Estrada de Ferro que sai da Estação Guanabara rumo a Minas Gerais; a Companhia de Estrada de Ferro Sorocabana que ia para Indaiatuba, da Companhia Paulista de Estrada de Ferro que liga Campinas a São Paulo e ao interior, o Ramal Férreo Campineiro, que ia até Sousas/Joaquim Egídio e a Funilense, que ligava Campinas a Cosmópolis.

Malha

A cidade tem 120 quilômetros de leitos ferroviários dentro do município, com 654 metros quadrados de área útil para oficinas e manobras. Os leitos conectam o Centro aos principais bairros e aos principais municípios da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Mas tudo isso é espaço de abandono. O Plano Diretor de Campinas de 2006 definiu pela preservação dos leitos férreos desativados para transporte de passageiros, local, turístico ou lazer e também orientou o reestudo do sistema VLT, analisando alternativas de traçado de localização das estações e integração plena ao sistema por ônibus.

O único trecho ativo é o da Paulista. O restante está ocupado, invadido, com construções em cima. O uso desses trechos para o transporte não será fácil. Mais conhecido pela denúncia de irregularidades na contratação da obra (superfaturamento e licitação viciada) que pelos benefícios que trouxe à população, o VLT nasceu da tentativa do ex-governador Orestes Quércia de cooptar o prefeito Jacó Bittar, então recém-saído do PT. O projeto esbarrou em "dificuldades técnicas" que as seguidas liberações de recursos não conseguiram contornar.